quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

A Aventura do Cantor de Ópera e Fotógrafo Gioacchino Gelli


ATENÇÃO! PESQUISADORES, GENEALOGISTAS,HISTORIADORES, JORNALISTAS, ACADÊMICOS, INSTITUTOS E AUTORES
Dispomos de extensa biblioteca digital de 3.000 volumes e dividida em dois lotes, um de [Genealogia/Hist. de S. Paulo 1208 volumes = 2.089 arquivos - 356.000 páginas - 45 Gb!] e outro de [História do Brasil 1370 volumes - 387.000 páginas - 50,9 Gb] de autores clássicos*, séculos XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXI indexadas em banco de dados PDF, com motor de busca!!! Rica fonte de subsídios para trabalho literário! R$ 1,20 p/ volume! (oferta especial por tempo limitado).

Mistério: Um “tiro” disparado por um inquilino revoltado em um “atentado” – (que mais ninguém viu) - seguido de incêndio e explosão - que toda São Paulo ouviu! Um italiano alto e magro com forte sotaque sai correndo do prédio da São Bento só de cuecas e gritando, causando um escândalo na provinciana paulicéia de então! (Este fato foi registrado no jornal O Estado de S. Paulo de 1899)

Fuoco! Fuoco! Continuava gritando com forte sotaque italiano! - Que vergonha!!! Exclamaram populares ao ver o homem exposto em trajes menores e em plena luz do dia! Mas Gioacchino Gelli tinha urgência! Estava escapulindo de um incêndio que dentro de minutos iria abalar o centro comercial paulistano!!!

O sinistro ocorreu naquela virada do século XIX, no prédio de número 42 da Rua de São Bento, que repartia o seu amplo espaço entre firmas comerciais e escritórios, de propriedade do Comendador Joaquim Fernandes Cantinho. O pavimento térreo era ocupado pela popular Loja do Japão, especializada na venda de insumos para fogueteiros e fogos de artifício manufaturados, que naquele dia 5 de Julho de 1899 se incendiou misteriosamente às 08h25min da manhã. Do incêndio derivou-se violenta explosão, ouvida e comentada até no distante Museu do Ipiranga pelo seu então diretor, o  famoso antropólogo alemão Von Ihering! (o arqueólogo dos sambaquis de Santos).
Largo de São Bento e Rua de São Bento, antiga Rua de Martin Afonso Tibiriçá, o Morubixaba de Inhapuambuçu de Piratininga, ancestral do autor.
Ficou constatado no imediato inquérito policial que se seguiu, que o fogo começara no pavimento superior, no atelier "Fotografia Itália-Brasil" do imigrante italiano Armando De Marchi, que trazia como seu assistente o jovem conterrâneo Gioacchino Gelli, nosso personagem aqui focalizado. A cômica cena de Gioacchino em trajes menores e expressão abobalhada no meio da multidão foi capturada por um repórter e publicada nos maiores jornais locais,  vazando depois para o resto do mundo e chegando até a Toscana, na Itália, de onde seus parentes e amigos, condoídos, lhe mandaram boa ajuda em dinheiro (o qual ele depois reembolsou, dizem). Ele se transformou da-noite-para-o-dia, de imigrante anônimo em celebridade nacional e internacional - e a Paulicéia local já  lhe sorria e cumprimentava como a um herói sobrevivente!


Várias testemunhas do incêndio foram interrogadas, entre elas uma jovem funcionária, que dizia ter ouvido "um tiro" antes do incêndio, disparado por um certo "inquilino alemão" do "andar inferior" "contra um dos sócios da loja", fato este que alguns confirmaram, mas depois negaram! De Marchi seguiu preso para prestar depoimento, mas logo foi solto. Gioacchino não foi intimado, pois sua constrangedora situação (só de ceroulas) já falava por si mesma.

Gioacchino não era um imigrante italiano comum*, como a maioria operária de São Paulo. Viera ao Brasil na privilegiada condição de cantor de ópera, integrante de uma destacada trupe lírica italiana, que se apresentara até no Scala de Milão! Era formado em Belas Artes na Toscana, Itália central, sua terra natal. Sua família se dedicava ao ramo tipográfico e editorial. Porém, em uma tournée pelo Egito, contraiu uma grave afecção na garganta que lhe comprometeu a voz.
(*Era também sobrinho de um antigo herói de guerra italiano de nome Pietro Gelli, que comandou o exército dos Carabinieri Reali D'Itália em batalhas vencedoras contra os usurpadores austríacos, ficando muito próximo do rei D. Vittorio Emanuelle II, que lhe conferiu o título de “Primo Di Re D’Itália” (primeiro ministro?). Esta titulagem nobiliárquica, aliás, viria proporcionar aos futuros filhos de Gioacchino, o privilégio de receber refinada educação naquele país de clássica cultura, amparados pelo acordo celebrado entre o grande líder nacionalista (injustiçado na 2ª Guerra) Duce Benito Mussolini e a nobreza italiana, assim como também o Papado da Igreja Católica Romana, que ganhou o senhorio do território do Vaticano, ambos pelo Tratado de Latrão de 1929).

"Vittorio Emanuelle II, Re di Sardegna, di Cipro e di Gerusalemme; Duca de Savoja, di Genova, ecc, ecc, Principe de Piemonte".

(O vitorioso herói da guerra de independência itálica tio Pietro morreu solteiro, vítima da epidemia de cólera que assolou parte da Itália, em Novembro de 1867. Em 1855 já recebera a Condecoração de Cavaleiro de Terceira Classe da Ordem do Mérito Militar da Toscana. Em 1864, foi nomeado Juiz do Tribunal de Catanzaro. Em 1865 foi condecorado pelo rei, Cavaliere Dell Ordine Dei Santi Maurizio e Lazzaro (ver documento ao final da página). E finalmente em 1867 veio a fúnebre notícia, com o rei oferecendo condolências pela sua morte ao seu irmão Carlos, pai de Gioacchino, além de menções honrosas e outros documentos. Em 1868 Pietro receberia medalha póstuma de combatente da Guerra de Independência italiana entre 1848-1861 - veja documento ao final da página).

Gioacchino havia excursionado anteriormente pela América do Norte e do Sul, Bolívia, Peru, Buenos Aires, Rio de Janeiro e São Paulo, onde finalmente, decepcionado com a desdita da sua voz, viu-se obrigado a mudar de profissão. Foi aí que começou a trabalhar com o fotógrafo De Marchi, o qual reconheceu o seu talento, pois também  desenhava, revelando-se bom retocador a crayon, moda fotográfica vigente a época.
A "Fotografia Itália-Brasil" não foi oficialmente responsabilizada no inquérito policial, embora fosse constatado que o seu assoalho e o cimento que o suportava permaneceram intactos, enquanto o madeiramento do teto ficara completamente carbonizado, indicando um incêndio de cima para baixo e não uma explosão inicial de baixo para cima. Foi encontrado um intrigante indício que passou despercebido entre os rescaldos: uma “objetiva fotográfica semiderretida pelo seu lado interior”. Teria algo a ver com a origem do fogaréu? Teria sido uma deflagração inábil de uma carga luminosa de "flash" de magnésio? Especulação nossa. Porém, a favor de Gioacchino atestou o fato de ter sido surpreendido pelo incêndio enquanto dormia! Além disso, outras pessoas circulavam no atelier, a esposa e o irmão de De Marchi. O quê, ou quem, então, teriam causado as chamas? Outro mistério, que nunca foi desvendado no processo de indenização movido contra a Seguradora Previdente pelos donos da Loja sinistrada! Ela afinal, foi condenada a pagar, depois de um ano de caloroso debate através da imprensa paulistana!
Além dos estabelecimentos já citados, ocupavam  aquele prédio central, a filial do “Café Periquito” de Rocha, Tameirão & Cia., que recebeu do Conde de São Joaquim generosa oferta para se reinstalar em outro prédio próximo, de sua propriedade; os escritórios de advocacia dos Drs. Pereira da Silva, Carlos Garcia e Estevam de Oliveira; o solicitador Joviano Azevedo e o Sr. Justino de França.

Os prejuízos avaliados dos outros estabelecimentos adjacentes chegaram à formidável cifra para a época, de 1.200 contos de réis! Todos os prédios centrais de São Paulo tiveram suas vidraças estilhaçadas! O prédio mais próximo, da loja “Casa Verde”, de propriedade da Santa Casa de Misericórdia, teve o seu teto desabado, com grande prejuízo em mercadorias. Outro estabelecimento com prejuízo similar foi o prédio lindeiro de nº 40 de Henrique Aubertio & Cia., revendedores de instrumentos Óticos.

A "Fotografia Quaas”, a “Casa Aleman” de tecidos; a charutaria “Sportsman”; a joalheria Mirtill Deustsche; a fábrica de luvas de Henry Geannot; a “Chapelaria Alberto”; a charutaria “Blair & Cia”; todos da mesma Rua São Bento.  Os escritórios da seguradora "Previdente" e diversos outros corretores; a choperia e restaurante de Mme. Maria Spiller; a alfaiataria Casella e a choperia Schort Júnior & Cia., da Travessa do Comercio. O Banco Comércio e Indústria, a “Camisaria Especial”, o “Louvre Paulista” e o “Café do Ponto”, na Rua 15 de Novembro e mais alguns estabelecimentos da Rua do Rosário, sofreram “danos consideráveis” causados pelo deslocamento de ar da explosão e pela água dos bombeiros.



O prédio sinistrado ficou completamente arruinado e teve de ser reconstruído. Males que vêm para bem, o nosso herói de ceroulas foi obrigado a tornar-se fotógrafo itinerante para poder sobreviver, visitando em mulas e cavalos as ricas fazendas do interior paulista e mineiro. E a sorte lhe sorria, afortunando a sua empreitada junto aos ricos fazendeiros, o que lhe permitiu juntar um bom capital que logo empregou em imóveis na cidade de Franca, SP.

Nesse ínterim, vinham para aquele interior paulista cinco irmãos de outra família italiana, de origem nobre; quatro moças e um moço, filhos do Conde Ítalo Neli com Bartolomea* Vanucci e Neli, sendo a mais nova Annita Vanucci e Neli. Foram remetidos ao Brasil, porque o conde seu pai quis afastar sua irmã mais velha de um pretendente indesejável que era inimigo político da família na Itália.

*Era de conhecimento corrente naquela família, que os nobres Nelli procediam da mãe do escritor Nicolas Maquiavelli, autor da famosa obra "O Príncipe".  O nome dela também era,  sintomaticamente, Bartolomea (o mesmo nome da mãe de Anita) cerca de 1485-1500 D.C.

Anita tinha inspiração artística e era apaixonada pela fotografia e muito desejava desenvolver-se naquela arte. Por indução de seu irmão Giovanni, aproximou--se do então já celebrado fotógrafo Gioacchino, com a intenção de apreender o ofício. Os dois se apaixonaram e se casaram, com o consentimento especial do conde, que aliás, também era admirador da ópera e se simpatizou com o futuro genro operístico. Gioacchino continuou viajando durante algum tempo pelas fazendas interioranas e fazendo fortuna.

Mas tempos depois, resolveu se estabelecer mais próximo da capital paulista, fornecedora dos insumos importados necessários à sua profissão. Venderam tudo em Franca e se mudaram para a "Fermosa Villa de Jundiaí" (nome colonial, fundada pelo 10º tio-avô do autor deste blog, Capitão Jerônimo de Camargo) onde se instalaram numa propriedade central, à Rua do Rosário. Seu novo negócio chamou-se "Fotografia Gelli".  Ali foram muito prósperos e apaixonados, gerando seus dois filhos Carlos Ítalo e Luiza Gelli. Era uma família feliz e equilibrada, com bastante instrução para a época. Carlos Ítalo se casou, posteriormente aos seus estudos na Itália, com Dna. Zilda Savoy, filha de imigrantes austríacos e franceses de Campinas, SP, formando assim uma família plurinacional com quatro filhos varões, dando continuidade ao negócio familiar que muito  se desenvolveu nas décadas seguintes, liderando o mercado fotográfico local como representante e atacadista da Eastman Kodak Company, U$A, além de outros  empreendimentos do ramo imobiliário local.


Gioacchino Gelli, "o homem que escapou do fogo", fotografado em seu estúdio de Jundiaí, pela sua nobre esposa Anita Vanucci e Neli, que também se revelou excelente fotógrafa.


From Sampa, With Love. 
Alan de Camargo - https://alandecamargo.blogspot.com.br
alandecamargo@outlook.com (Figlio de Madre Italiana: Di Luzio, Spina, Galafassi, Ceratti, Cocconi, Bellini, Salerno, Mastrodonato,  Portiolli, Antossi, Curci - Anche noi siamo oriundi!).

---------------------------------------------

Condecorações do Cavaleiro Real Major Pietro Gelli, tio de Gioacchino:

1865 - Medalha de Combatente na Guerra de Independência e Unificação da Itália 

 



1865 - Ordenação de Cavaleiro do Major Pietro Gelli, Condecorado para a Ordem Real dos Santos Maurizio e Lazzaro.

 
FINE.

ATENÇÃO PESQUISADORES, GENEALOGISTAS, HISTORIADORES, JORNALISTAS, ACADÊMICOS, INSTITUTOS E ESCRITORES.

Dispomos de extenso alfarrábio digital pesquisável e dividido em dois lotes, um de  [Genealogia/Hist. de S. Paulo 1364 arquivos - 300.000 páginas - 36,7gB!] e outro de [História do Brasil /Famílias 1635 volumes - 1/2 milhão de páginas - 55,0 Gb] de autores clássicos, séculos XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, indexadas em banco de dados PDF ACROBAT, pesquisável em minutos!!!  Ótima para pesquisadores e escritores que estejam desenvolvendo  trabalho acadêmico, literário e/ou genealógico.

Veja Nosso nosso trabalho no site: A Paulicéia Histórica e Genealógica https://pauliceias.blogspot.com.br

Ligue Vivo para mais informações 11-96474-7773 Whatsapp

Peça amostragens do programa pelo nosso email.

https://imperialismo1.blogspot.com.br - Imperialismo Anglo-americano
https://reptilineos.blogspot.com.br/ - Alienígenas do Passado
https://racadegigantes.blogspot.com.br - Genealogia Bandeirante

 AtelierAlan Encadernações & Restauros
Arte em Couro Natural com Pintura Direta ou mesclado com Papéis Marmoreados Exclusivos
https://atelieralainarte.blogspot.com.br 


AtelierAlan Encadernações & Restauros
cid:image002.jpg@01D3713F.8B022BD0 cid:image006.jpg@01D3713F.8B022BD0cid:image008.jpg@01D3713F.8B022BD0 cid:image010.jpg@01D3713F.8B022BD0 cid:image021.jpg@01D3713F.8B022BD0